Ontem, 28 de julho, foi o segundo dia da JMJ em Cracóvia.
Antes da Missa, o Papa se encontrou com 30 irmãs, no Convento das Irmãs da Apresentação, a 17km de Cracóvia. Foram elas que ficaram responsáveis para a instrução e a educação cristã na Polônia, na Itália e na Ucrânia.
Antes da Missa, o Papa se encontrou com 30 irmãs, no Convento das Irmãs da Apresentação, a 17km de Cracóvia. Foram elas que ficaram responsáveis para a instrução e a educação cristã na Polônia, na Itália e na Ucrânia.
Seguindo a programação, o Papa Francisco presidiu uma missa pelos 1.050 anos do batismo na Polônia. Foi a primeira missa presidida por ele em solo polonês.
Chegou no Papa móvel saudando dezenas de pessoas.
No início da Santa Missa, o Papa caiu, mas logo foi ajudado e seguiu a celebração normalmente.
Em sua Homilia, destacou que: "Deus salva sendo pequeno, próximo e concreto."
Leia a Homilia do Papa:
Viagem do Papa Francisco a Cracóvia, Polônia – JMJ 2016
Santa Missa pelo 1050º aniversário do batismo da Polônia
Santuário de Czestochowa
Quinta-feira, 28 de julho de 2016
Boletim da Santa Sé
Das leituras desta Liturgia emerge um fio divino, que passa para a história humana e tece a história da salvação.
O apóstolo Paulo fala-nos do grande desígnio de Deus: «Quando chegou a
plenitude do tempo, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher»
(Gal 4, 4). A história, porém, diz-nos que, quando chegou esta
«plenitude do tempo», isto é, quando Deus Se fez homem, a humanidade não
estava particularmente preparada, nem era um período de estabilidade e
de paz: não havia uma «idade de ouro». A cena deste mundo não era
merecedora da vinda de Deus; antes pelo contrário, já que «os seus não O
receberam» (Jo 1, 11). Assim a plenitude do tempo foi um dom de graça:
Deus encheu o nosso tempo com a abundância da sua misericórdia; por puro
amor – por puro amor –, inaugurou a plenitude do tempo.
Impressiona, sobretudo, o modo como se realiza a entrada de Deus na
história: «nascido de uma mulher». Não há qualquer entrada triunfal,
qualquer manifestação imponente do Todo-Poderoso. Não Se manifesta como
um sol ofuscante, mas entra no mundo da forma mais simples, chega como
uma criança através da mãe, com aquele estilo de que nos fala a Sagrada
Escritura: como a chuva sobre a terra (cf. Is 55, 10), como a menor das
sementes que germina e cresce (cf. Mc 4, 31-32). Assim – ao contrário do
que esperaríamos e talvez quiséssemos – o Reino de Deus, hoje como
então, «não vem de maneira ostensiva» (Lc 17, 20), mas na pequenez, na
humildade.
O Evangelho de hoje retoma este fio divino que atravessa
delicadamente a história: da plenitude do tempo passamos ao «terceiro
dia» do ministério de Jesus (cf. Jo 2, 1) e ao anúncio da «hora» da
salvação (cf. v. 4). O tempo restringe-se, e a manifestação de Deus
acontece sempre na pequenez. Assim «Jesus realizou o primeiro dos seus
sinais miraculosos» (v. 11), em Caná da Galileia. Não há um gesto
estrondoso realizado diante da multidão, nem uma intervenção que resolva
um problema político flagrante, como a subjugação do povo à dominação
romana. Pelo contrário, numa pequena aldeia, tem lugar um milagre
simples, que alegra o casamento duma jovem família, completamente
anónima. E contudo a água transformada em vinho na festa de núpcias é um
grande sinal, porque revela o rosto esponsal de Deus, de um Deus que Se
põe à mesa connosco, que sonha e realiza a comunhão connosco. Diz-nos
que o Senhor não Se mantém à distância, mas é vizinho e concreto, está
no nosso meio e cuida de nós, sem decidir em nosso lugar nem Se ocupar
de questões de poder. De facto prefere encerrar-Se no que é pequeno, ao
contrário do homem que tende a querer possuir algo sempre maior.
Deixar-se atrair pelo poder, a grandeza e a visibilidade é tragicamente
humano, resultando uma grande tentação que procura insinuar-se por todo o
lado. Ao passo que é requintadamente divino dar-se aos outros,
eliminando as distâncias, permanecendo na pequenez e habitando
concretamente a quotidianidade.
Por conseguinte, Deus salva-nos fazendo-Se pequeno, vizinho e
concreto. Antes de mais nada, Deus faz-Se pequeno. O Senhor, «manso e
humilde de coração» (Mt 11, 29), prefere os pequeninos, a quem é
revelado o Reino de Deus (cf. Mt 11, 25); são grandes a seus olhos e,
sobre eles, pousa o seu olhar (cf. Is 66, 2). Prefere-os, porque se
opõem àquele «estilo de vida orgulhoso» que vem do mundo (cf. 1 Jo 2,
16). Os pequenos falam a mesma língua d’Ele: o amor humilde que os torna
livres. Por isso, Jesus chama pessoas simples e disponíveis para serem
seus porta-vozes, e confia-lhes a revelação do seu nome e os segredos do
seu Coração. Pensemos em tantos filhos e filhas do vosso povo: nos
mártires, que fizeram resplandecer a força desarmada do Evangelho; nas
pessoas simples, e todavia extraordinárias, que souberam testemunhar o
amor do Senhor no meio de grandes provações; nos arautos mansos e fortes
da Misericórdia, como São João Paulo II e Santa Faustina. Através
destes «canais» do seu amor, o Senhor fez chegar dons inestimáveis a
toda a Igreja e à humanidade inteira. E é significativo que este
aniversário do Batismo do vosso povo tenha coincidido precisamente com o
Jubileu da Misericórdia.
Além disso, Deus é vizinho, o seu Reino está próximo (cf. Mc 1, 15): o
Senhor não quer ser temido como um soberano poderoso e distante, não
quer permanecer num trono celeste ou nos livros da história, mas gosta
de mergulhar nas nossas vicissitudes de cada dia, para caminhar
connosco. Ao pensarmos no dom dum milénio abundante de fé, é bom antes
de tudo dar graças a Deus, que caminhou com o vosso povo, tomando-o pela
mão – como faz um papá com o seu menino –, e acompanhando-o em tantas
situações. Isto mesmo é o que nós, também enquanto Igreja, sempre somos
chamados a fazer: ouvir, envolver-se e tornar-se vizinho, partilhando as
alegrias e as canseiras das pessoas, de modo que o Evangelho se
comunique da forma mais coerente e frutuosa, ou seja, por irradiação
positiva, através da transparência da vida.
Por fim, Deus é concreto. Das leituras de hoje sobressai que tudo, na
ação de Deus, é concreto: a Sabedoria divina age «como arquiteto» e
«brinca» (cf. Prv 8, 30), o Verbo faz-Se carne, nasce duma mãe, nasce
sob o domínio da Lei (cf. Gal 4, 4), tem amigos e participa numa festa: o
Eterno comunica-Se transcorrendo o tempo com pessoas e em situações
concretas. Também a vossa história, permeada de Evangelho, Cruz e
fidelidade à Igreja, regista o contágio positivo duma fé genuína,
transmitida de família para família, de pai para filho e, sobretudo,
pelas mães e as avós, a quem muito devemos agradecer. De modo
particular, pudestes palpar a ternura concreta e providente da Mãe de
todos, que vim aqui venerar como peregrino e que saudamos, no Salmo,
como «a honra do nosso povo» (Jdt 15, 9).
É precisamente para Ela que nós, aqui reunidos, levantamos o olhar.
Em Maria, encontramos a plena correspondência ao Senhor: e assim, na
história, entrelaça-se com o fio divino um «fio mariano». Se existe
qualquer glória humana, qualquer mérito nosso na plenitude do tempo, é
Ela: é Ela aquele espaço, preservado liberto do mal, onde Deus Se
espelhou; é Ela a escada que Deus percorreu para descer até nós e
fazer-Se vizinho e concreto; é Ela o sinal mais claro da plenitude do
tempo.
Na vida de Maria, admiramos esta pequenez amada por Deus, que «pôs os
olhos na humildade da sua serva» e «exaltou os humildes» (Lc 1, 48.52).
E nisso tanto Se deleitou, que d’Ela Se deixou tecer a carne, de modo
que a Virgem Se tornou Progenitora de Deus, como proclama um hino muito
antigo que há séculos vós Lhe cantais. A vós que ininterruptamente
vindes ter com Ela, acorrendo a esta capital espiritual do país,
continue a Virgem Mãe a mostrar o caminho e vos ajude a tecer na vida a
teia humilde e simples do Evangelho.
Em Caná, como aqui em Jasna Góra, Maria oferece-nos a sua proximidade
e ajuda-nos a descobrir o que falta à plenitude da vida. Hoje, como
então, fá-lo com solicitude de Mãe, com a presença e o bom conselho,
ensinando-nos a evitar arbítrios e murmurações nas nossas comunidades.
Como Mãe de família, quer-nos guardar juntos, todos juntos. O caminho do
vosso povo superou, na unidade, tantos momentos duros; que a Mãe, forte
ao pé da cruz e perseverante na oração com os discípulos à espera do
Espírito Santo, infunda o desejo de ultrapassar as injustiças e as
feridas do passado e criar comunhão com todos, sem nunca ceder à
tentação de se isolar e impor.
Nossa Senhora, em Caná, mostrou-Se muito concreta: é uma Mãe que tem a
peito os problemas e intervém, que sabe individuar os momentos difíceis
e dar-lhes remédio com discrição, eficácia e determinação. Não é patroa
nem protagonista, mas Mãe e serva. Peçamos a graça de assumir a sua
sensibilidade, a sua imaginação ao servir quem passa necessidade, a
beleza de gastar a vida pelos outros, sem preferências nem distinções.
Que Ela, causa da nossa alegria e portadora da paz por entre a
abundância do pecado e as turbulências da história, nos obtenha a
superabundância do Espírito para sermos servos bons e fiéis.
Pela sua intercessão, que se renove, também para nós, a plenitude do
tempo. De pouco serve a passagem do antes ao depois de Cristo, se
permanece uma data nos anais da história. Possa realizar-se, para todos e
cada um, uma passagem interior, uma Páscoa do coração para o estilo
divino encarnado por Maria: agir na pequenez e acompanhar de perto, com
coração simples e aberto.
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