Pesquisar este blog

domingo, 17 de abril de 2011

DOMINGO DE RAMOS

O Domingo de Ramos dá início a Semana Santa na qual celebramos a Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus.

Confira uma matéria que recebi por e-mail do Frei Gilvander Moreira.

Jesus e seu movimento entram clandestinamente em Jerusalém
A partir de Lc 19,29-40
Frei Gilvander Moreira

Nas missas e nas celebrações da palavra, no Domingo de Ramos, início da Semana Santa, ouvimos o evangelho sobre “a entrada de Jesus em Jerusalém”. Após uma longa marcha da Galileia a Jerusalém (Lc 9,51-19,27), Jesus e seu movimento estão às portas de Jerusalém. Dois discípulos recebem a tarefa de viabilizar a entrada na capital, de forma humilde, mas firme e corajosa. Deviam arrumar um jumentinho – meio de transporte dos pobres -, mas deviam fazer isso disfarçadamente, de forma “clandestina”. O texto repete o seguinte: “Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês estão desamarrando o jumentinho?”, digam somente: ‘Porque o Senhor precisa dele”. A repetição indica a necessidade de se fazer a preparação da entrada na capital de forma clandestina, sutil, sem alarde. Se dissessem a verdade, a entrada em Jerusalém seria proibida pelas forças de repressão.
Com os “próprios mantos” prepararam o jumentinho para Jesus montar. Foi com o pouco de cada um/a que a entrada em Jerusalém foi realizada. A alegria era grande no coração dos discípulos e discípulas. “Bendito o que vem como rei...” Viam em Jesus outro modelo de exercer o poder, não mais como dominação, mas como gerenciamento do bem comum. Quem aplaude Jesus entrando em Jerusalém é o povo, grupo organizado que segue Jesus desde a Galileia. O povão que cinco dias após, na sexta-feira santa, gritará “crucifica-o” não é o mesmo povo do “domingo de Ramos”. Trata-se da massa alienada que sobrevivia em torno do grande negócio que era o templo em Jerusalém. Agem insuflados por fariseus que os estimulavam a gritar dirigindo-se a Jesus “crucifica-o”. Logo, a partir desses dois relatos dos evangelhos – a entrada de Jesus em Jerusalém e a crucificação de Jesus – não se pode concluir que o povo é como folha seca ao vento, uma Maria vai com as outras.
Ao ouvir o anúncio dos discípulos – um novo jeito de exercício do poder – certo tipo de fariseu se incomoda e tenta sufocar aquele evangelho. Hipocritamente chamam Jesus de mestre, mas querem domesticá-lo, domá-lo. “Manda que teus discípulos se calem.”, impunham os que se julgavam salvos e os mais religiosos. “Manda...!” Dentro do paradigma “mandar-obedecer”, eles são os que mandam. Não sabem dialogar, mas só impor. “Que se calem!”, gritam. Quem anuncia a paz como fruto da justiça testemunha fraternidade e luta por justiça, o que incomoda um status quo opressor. Mas Jesus, em alto e bom som, com a autoridade de quem vive o que ensina, profetisa: “Se meus discípulos (profetas) se calarem, as pedras gritarão.” (Lc 19,40). Esse alerta do galileu virou refrão de música das Comunidades Eclesiais de Base assim: “Se calarem a voz dos profetas, as pedras falarão. Se fecharem uns poucos caminhos, mil trilhas nascerão... O poder tem raízes na areia, o tempo faz cair. União é a rocha que o povo usou pra construir...!”

Nenhum comentário:

Postar um comentário