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segunda-feira, 25 de maio de 2020

Nossa Senhora de Nazaré.


A devoção a Nossa Senhora de Nazaré remonta ao início da colonização portuguesa no Brasil. O termo círio vem da palavra latina cereus, que significa vela ou tocha grande. Por ser a principal oferta dos fiéis nas procissões em Portugal, com o tempo o termo passou a ser sinônimo da procissão de Nazaré em Belém e de muitas outras cidades pelo interior do estado do Pará.
Há diversas versões para o início do louvor à Virgem de Nazaré, em Belém. A mais compartilhada por séculos diz que tudo teve início quando o caboclo Plácido José de Souza encontrou, no ano de 1793, uma pequena imagem de Nossa Senhora às margens do Igarapé Murutucu, onde hoje fica os fundos da Basílica Santuário de Nossa Senhora de Nazaré.
De acordo com a lenda, o caboclo levou a imagem para casa, mas não a encontrou no dia seguinte. A santa foi localizada novamente no igarapé. O fato repetiu-se durante alguns dias e a notícia do “desaparecimento” se espalhou, provocando a intervenção das autoridades civis e eclesiásticas, fazendo com que fosse levada para o Palácio do Governo, para o Paço Episcopal e à recém-erguida catedral, de onde ela também sumiu, sendo encontrada mais uma vez no Igarapé Murutucu.
Entendendo que era o desejo da Virgem permanecer no igarapé, a comunidade católica de Belém construiu uma ermida no local onde a imagem foi encontrada, o que deu início à romaria e à devoção do povo da capital paraense.
O primeiro círio foi realizado na tarde de 8 de dezembro de 1793, saindo do palácio do governo. Este roteiro se manteve até 1881. Em 1854, o círio passou a ser realizado de manhã, para evitar as chuvas, que são mais comuns no período da tarde. A partir de 1882, o bispo dom Macedo Costa, de comum acordo com o presidente da Província, Justino Ferreira Carneiro, resolveu que o ponto de partida seria a Catedral de Belém, como é até hoje.
A imagem que participa das procissões é uma réplica, já que a santa encontrada por Plácido tem mais de 226 anos. Apenas no círio de número 200, em 1992, a imagem original saiu na procissão.
Diversos milagres são atribuídos a Nossa Senhora de Nazaré. Um dos mais conhecidos teria sido a graça alcançada pelo fidalgo português dom Fuas Roupinho, cujo cavalo no qual galopava saiu em disparada em direção a um abismo. Ao perceber que morreria, o fidalgo pediu a proteção de Nossa Senhora e o cavalo conseguiu parar.
Outro milagre aconteceu no ano de 1846, com os passageiros do barco português São João Batista, que deixou Belém rumo a Lisboa. A embarcação naufragou durante a viagem, e os passageiros foram salvos por um bote que os trouxe de volta a Belém. Depois de um tempo, foi descoberto que tanto o barco quanto o bote teriam transportado a imagem de Nossa Senhora de Nazaré a Lisboa, para ser restaurada.
Diversos fiéis que têm suas graças alcançadas acompanham o círio com uma representação das suas promessas. São objetos de cera, miniatura de barcos, casas e até mesmo cadernos e livros. Esses objetos são depositados nos carros das promessas.
Ao todo, são 13 carros: carro de Plácido, barca dos escoteiros, barca nova, quatro carros dos anjos, cesto de promessas, barca com velas, barca portuguesa, barca com remos, carro dom Fuas e carro da Santíssima Trindade.
Os objetos depositados nos carros do círio, e que representam as graças alcançadas pela intercessão de Maria, vão para a Memória de Nazaré, exposição permanente em espaço montado ao lado da Casa de Plácido, e também no Museu do Círio, instalado no Complexo Feliz Lusitânia.
O Círio de Nossa Senhora de Nazaré e seu conjunto de manifestações religiosas e culturais recebeu da Unesco, em 2015, o título de patrimônio imaterial da humanidade, e em 2004, foi inscrito pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) como patrimônio cultural de natureza imaterial brasileiro.

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