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sexta-feira, 29 de março de 2013

PROCISSÃO DO FOGARÉU - PARATY / RJ

A Procissão do Fogaréu era também conhecida como “Procissão da Prisão” ou “Endoenças”. Em sua feição original era frequentada apenas por homens que, em passos acelerados, conduzindo archotes e velas, entoando a Ladainha de Todos os Santos, com as ruas da cidade às escuras ao som das matracas, entravam pela porta lateral e saiam pela porta da frente das quatro Igrejas do Centro Histórico, tendo por finalidade a reparação das indignidades e irreverências cometidas, visitando portanto o local em que seria sepultado após a morte: “no interior das Igrejas” que eram os antigos cemitérios, herança medieval, presente no livro do Anno Christão ou Exercícios de Piedade do Padre Croiset, datado de 1849, 292 paginas e nas Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia.

Antigamente não era permitida a presença de mulheres e crianças no cortejo. Era lhes proibido até mesmo assistirem à passagem da procissão, ainda que fosse através das frestas das janelas, pois segundo as Constituições de 1758 "...A noite era do domínio do Príncipe das Trevas, o Demônio..." . Em depoimento sobre a Semana Santa em Paraty, a Sra. Benedita Vieira de Oliveira, relatou que na sua adolescência, quando residiu em sobrado à Rua do Comércio esquina com a Rua Maria Jácome de Mello, de propriedade do casal Leontino Carlos de Mello e Souza e Basildes Vieira de Mello, foi diversas vezes impedida pela matriarca da família, de assistir o cortejo, contrariando, conseguia ver a passagem, pelas frestas dos postigos das portas da sacada da sala de visitas, voltadas para a Rua do Comércio.

Até o inicio do século XX, a figura de um centurião romano vinha à frente da procissão, além de outros, de tempos em tempos, tocava uma trombeta – o símbolo da morte. O ultimo centurião em Paraty foi representado por um carpinteiro chamado “Virgúlino”. No Brasil atualmente, somente as cidades de Goiás Velho em Goiás, Tiradentes em Minas Gerais, Oeiras no Piauí, Sobral no Ceará e Paraty realizam esta procissão, que já se tornou raridade.

Texto de Julio Cezar Neto Dantas (Diretor do Museu de Arte Sacra e Forte Defensor Perpétuo
 

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