Durante todo ano de 2019, estudaremos uma das narrativas
mais importantes da Bíblia, o êxodo. Nesse caso, não se trata apenas do
livro que tem esse nome (se assim o fosse, seria com o “E” maiúsculo), mas da história
da libertação de Israel da escravidão no Egito. Mais especificamente, acompanharemos
a trajetória
de Moisés, o
grande líder, que conduziu o povo pelo deserto por 40 anos, até a fronteira com
a terra prometida.
Nosso estudo destacará algumas passagens bíblicas
importantes desse processo de libertação, que começa no livro do Êxodo,
continua por Levítico, Números e termina no Deuteronômio. Ao longo do ano,
nos aprofundaremos em doze cenas dessa narrativa, para aprendermos com
Moisés lições sobre a vontade de Deus para a nossa vida.
Vamos começar esta jornada?
Vamos começar esta jornada?
A cena de abertura de nosso estudo será Êxodo 1,1-14 (leia em sua Bíblia). Esse trecho, que serve de preparação para toda a
narrativa da libertação dos israelitas, tem uma divisão: na primeira parte,
formada pelos versículos 1-7, o autor retoma a narrativa do livro do Gênesis, a respeito de como a família de
Israel chegou ao Egito e se tornou um povo numeroso; na segunda,
versículos 8-14, o texto explica como o novo rei
egípcio escravizou os israelitas.
Em Êxodo 1,1, o autor sugere uma continuidade
em relação à narrativa anterior do livro do Gênesis, ao utilizar a expressão
“Eis os nomes que entraram no Egito”. Os versículos 1–5 recontam brevemente a história de
Jacó, aquele que teve seu nome mudado por Deus e passou a se chamar Israel (cf.
Gn
32,29),
mostrando como ele e toda sua família foram parar na terra do faraó.
Você se lembra dessa história? Jacó viajou com sua família até o
Egito em busca de uma vida melhor (cf. Gn 46,1-27), já que a fome assolava Canaã
(cf. Gn
41,53-57; 43,1). Na terra do faraó, ele se
encontrou com seu filho, José, aquele que ele achava que estava morto (cf. Gn
46,28-34). Qual
foi a surpresa? Ele tinha se tornado o “braço direito do Faraó” (cf. Gn
41,37-49). Assim,
os setenta israelitas chegaram ao Egito (cf. Gn 46,8-27).
O Senhor demonstra sua soberania nestes versículos
(1-7) mediante sua fidelidade à
Aliança, enquanto multiplica a semente de Abraão. Após a morte dos ancestrais,
ele orquestra a multiplicação de seu povo. Sua capacidade de fazer com que o
número dos israelitas se multiplique e conquiste a terra do Egito indica um
Deus que pode fazer coisas boas para Israel em qualquer ambiente cultural e
religioso. Ele é a força do seu povo (Ex 1,7; Sl 28,7.8); Ele se tornará sua salvação
(cf. Ex
15,2).
Ex 1,8-11, ao mencionar o novo rei egípcio e sua
política, o texto faz o movimento literário, partindo do tema da benção e do
cumprimento das promessas de Deus, fiel à sua Aliança (vv.1-7), para a situação de opressão,
violência e dificuldade (vv.8-14). Fica claro, aqui, que a luta
pela sobrevivência digna é cheia de lutas.
Os vv.8-10 revelam a lógica do faraó. Em
primeiro lugar, ele não conhecia José (v.8b); depois, o grande aumento no
número de israelitas criou um dilema político, econômico e militar (v.9-10) que o forçou a agir (v.11). Deu-se início, então, a
escravidão.
O v.11, ao mencionar a construção das
cidades de Pitom e Ramsés, aponta para quem seria o rei do Egito durante o
processo de libertação. Provavelmente, trate-se de Ramsés II que viveu entre
1290-1224 a.C., já que foi ele quem edificou, no Delta do Nilo, esses locais
onde teria firmado residência. Entretanto, é importante dizer que, no texto
bíblico, não existe qualquer referência ao nome exato do faraó. Isso pode
designar que a realização do Deus libertador é universal e serve de modelo para
Sua ação na vida de Israel e da humanidade como um todo, não apenas para um
tempo determinado.
A forma como o faraó tentou dominar Israel foi
violenta. Ela se deu mediante trabalhos forçados (v.11.13.14) e, também, a imposição de um
controle de natalidade que previa a matança dos primogênitos israelitas (vv.15-16). O texto bíblico afirma por
duas vezes que a vida do povo ficou muito difícil, utilizando as seguintes
expressões: “para tornar-lhe dura a vida” (v.11) e “tornavam-lhes amarga a vida”
(v.14).
A multiplicação do povo de Israel (v.9), mesmo durante a escravidão do
estado opressivo no Egito, é o principal motivo desta seção, como foi
testemunhado pelo uso continuado da raiz hebraica רבה (rabah), que significa
“multiplique, continue, adicione” (cf. v.7; também vv. 9.10.12.20), e da expressão “torne-se
poderoso, forte” (cf. v.7; também vv. 9.20). Assim, o Senhor continuou fiel
à sua Aliança, fazendo com que o povo continuasse se multiplicando (v.12). Deus se revela como aquele que
fortalece seu povo diante das opressões de um poder violento que atenta contra
a dignidade humana. A vida não será vencida (v.20)!
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