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domingo, 26 de maio de 2013

HOMILIA: SANTÍSSIMA TRINDADE - CARDEAL ANDRÉ VINGT-TROIS (BASÍLICA SÃO PEDRO / VATICANO)

HOMILIA DO CARDEAL ANDRÉ VINGT-TROIS NA BASÍLICA DE SÃO PEDRO SOBRE O MISTÉRIO DA SANTÍSSIMA TRINDADE. 

 " Irmãos e irmãs, o mistério da Trindade não é, em primeiro lugar, um enigma destinado a exercer as capacidades louváveis dos nossos teólogos e suas habilidades em manusear os conceitos das relações entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo. É o coração da nossa fé! E se os teólogos são solicitados a explorar esse coração da nossa fé é precisamente porque há AÍ um DESAFIO que ultrapassa a conjugação possível entre a nossa fé em um Deus único e adesão às Três Pessoas Divinas.
Muito frequentemente, nós nos deixamos absorver pelo sentimento dessa aporia que temos medo de ultrapassar, pois temos medo de não sermos mais monoteístas, mas politeístas que se ignoram.
Não é assim que a revelação judeo-cristã nos faz descobrir quem é o Deus no qual nós cremos. E não é assim que Deus se manifesta à humanidade. A REVELAÇÃO trinitária sobre os quais tantos espíritos se esforçaram diante desse mistério, desde as origens da fé cristã, não é somente sobre o regime correto que rege as relações internas da Trindade, mas elas são a maneira pela qual Deus penetra a História dos homens e portanto como ele se faz conhecer aos homens e como Ele faz os homens conhecerem-se a si mesmos. Se nós chegamos, como a história nos mostra, a dar testemunho desta indivisível Trindade chegamos ao coração da Trindade para o qual tantas pessoas deram sua vida confessando sua fidelidade à Divindade do Filho Jesus e à do Espírito Santo, ao mesmo tempo, nós aprendemos a descobrir algo nesse nosso balbuciar desse Mistério que se revela aos nossos olhos através da História das relações entre Deus e a Humanidade.
Deus não nos convida a especular sobre o que nós não conhecemos! Ele nos convida a mergulhar naquilo que Ele nos revela, para descobrir que nós ignoramos mais ainda quem Ele pode ser. A característica principal deste Deus que se revela a nós - podemos dizer sem medo - é sua PROXIMIDADE com a Humanidade: Desde a expressão da fé na Criação até o dar-se conta da Aliança concluída com Moisés, passando por todos os episódios dessa história atormentada, que representa a ligação entre Deus e o seu Povo escolhido, nós descobrimos que este Deus, que é Ùnico, sem comparação possível, invisível, que está além de toda nossa compreensão, impossível de localizar, impossível de representar, este Deus é profundissimamente agarrado, comprometido e implicado no desenvolvimento da nossa História Humana. Ele vem não somente através da sua palavra, não somente através dos seus mensageiros, não somente pelos códigos da Aliança no Sinai... Ele vem através de ATOS DE FORÇA E DE PODER, quando ele arranca o seu povo da escravidão do Egito. Ele vem através de SINAIS de TERNURA E MISERICÓRDIA quando ele perdoa o Povo pecador. ELe vem por uma PROMESSA DE ESPERANÇA, quando a nação é destruída e quando tudo parece perdido no Êxodo e no Exílio: ELE É O DEUS PRESENTE! ELE É AQUELE QUE NÃO LARGA DE MÃO! QUE NÃO DESISTE DO SEU POVO! ELE É AQUELE QUE NÃO ABANDONA O SEU POVO. E é esta PRESENÇA que é manifestada de uma maneira inimaginável pelo envio do seu FILHO ÚNICO, que não é mais simplesmente um mensageiro ou um intermediário, mas que é DEUS EM SI MESMO NA NOSSA CARNE, como Aquele que vai assegurar a sua presença no CORAÇÃO DOS FIÉIS pela VINDA DO ESPÍRITO SANTO.
O Deus que nós cremos: Deus da Criação, o Deus da Aliança, é um Deus cujo Amor, suscita nele este movimento; É um Deus cuja FIDELIDADE suscita SUA PRESENÇA E SUA AÇÃO POR ATOS DE MISERICÓRDIA NO MEIO DOS HOMENS. Essa presença e esta ação não são somente os grandes episódios fundadores, que permanecem como momentos de referência, como aqueles que eu evoquei, como também aqueles do Nascimento, a Vida, a Paixão, Morte e ressurreição e envio do Espírito Santo no Pentecostes, que permanecerão como momentos de referência para as gerações seguintes - que devemos viver como experiência da fé, apesar de que a impressão e o sentimento é mais de uma ausência do que de uma presença. E, muito precisamente, a Palavra de Cristo nos diz: "EU ESTOU COM VOCÊS ATÉ O FIM DOS TEMPOS", Como o Dom do seu Espírito que vem habitar em nossos corações e que nos faz filhos de Deus, atesta em nossa fé que a presença de Deus CONTINUA através dos séculos, através do coração dos fieis, como através de suas intervenções livres e imprevisíveis que vão tocar tantos homens e mulheres que jamais ouviram falar da Trindade. A FÉ NA TRINDADE É ESSA FÉ NA PRESENÇA ATIVA DE DEUS NA HUMANIDADE, é a fé nessa ESPERANÇA de que jamais nenhum homem sobre este terra pode se considerar abandonado por Deus ou rejeitado por ele. É a certeza de que todo aquele que escuta a sua Palavra e coloca em prática seus mandamentos TORNA-SE testemunha dessa PRESENÇA, ATOR dessa proximidade, Aliança cumprida no dom que Jesus faz da sua vida; Aliança que nós mesmos cumprimos nos unindo à aliança do Cristo; Aliança que nós anunciamos para a Humanidade inteira, mesmo que hoje ainda muitos estejam fora desta aliança.
Batizados no Pai e no Filho e no Espírito Santo, Mergulhados nesse Amor que une o Pai e o Filho e o Espírito Santo, NÓS DESCOBRIMOS AS IMPLICAÇÕES DESTE AMOR, através da existência de tantos homens e mulheres que dão ao Evangelho sua figura visível no meio dos homens.
Falar da Trindade , falar do Espírito Santo, falar de Jesus o Filho de Deus, falar de Deus o Pai Todo-Poderoso, não é falar do que nós não conhecemos, mas é remontar daquilo que nos conhecemos àquilo que Deus quer nos fazer conhecer. E remontar da experiência do vivido do amor que nós vivemos uns com os outros, pela graça de Deus; É remontar da experiência do serviço aos homens, que pela graça da Caridade os membros da Igreja procuram praticar, como eles podem, através de todas as circunstâncias da História. É remontar do dom que nós fazemos de nós mesmos, para descobrir a fonte desse Dom, o início dessa chama de caridade, a origem desse Amor. É remontar daquilo que nós conhecemos, para descobrir o quê Deus nos quer fazer conhecer, que Ele é, desde suas origens sem princípio e até os finais dos tempos, que Ele é essencialmente, um SER DE DOM QUE SE DOA TOTALMENTE, A SI MESMO, Á HUMANIDADE. Esta graça que Ele nos faz de ser mergulhados nesta VIDA DO DOM PERPÉTUO DE DEUS, ABRE EM NOSSAS FRAQUEZAS, EM NOSSAS ESTREITEZAS, EM NOSSAS LENTIDÕES, EM NOSSAS INDIFERENÇAS UMA BRECHA PARA FAZERMOS, POR NOSSA VEZ, O DOM DE NOSSAS PESSOAS. Todos os Batizados e Confirmados no Cristo somos chamados por Deus a participar na Paixão do Cristo para tornamo-nos nele os filhos bem-amados do Pai e dando ao mundo o sinal de que Deus é Pai e Filho e Espírito Santo. Como melhor afirmar o sentido que nós somos mergulhados neste Batismo trinitário, que marca não somente por um momento o coração da nossa vida mas marca cada instante de nossa existência, que refazendo com toda consciência de que somos capazes o GESTO E a PALAVRA QUE NOS DESIGNA COMO AQUELES QUE FORAM BATIZADOS (+) EM NOME DO PAI E DO FILHO E DO ESPÍRITO SANTO. AMÉM!"
 
(Fim da Homilia e da tradução) Frei Alonso Gustavo Malaquias, 26 de maio de 2013 às 01:31 da manhã.

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