Tema: A passagem pelo mar (Ex 14,15-31).
Introdução
Neste encontro, estudaremos a passagem dos israelitas pelo mar
(Ex 14,15-31).
Oração
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para
que o estudo desse encontro gere frutos de vida cristã.
Leia Ex 14,15-31. Agora, destaque o que mais te chamou a atenção.
TEXTO PARA ESTUDO
Qual é o sentido da pergunta que Deus dirigiu a Moisés?
A perícope estudada nesta semana tem seu início com uma
pergunta intrigante de Deus a Moisés: “Por que clamas a mim?” (Ex 14,15).
Este questionamento foi feito dentro de um momento dramático
da narrativa. Os israelitas, tomados de grande medo, “clamaram” ao Senhor,
diante da aproximação dos egípcios (cf. Ex 14,10) e, depois, reclamaram com o
líder da libertação (cf. Ex 14,11-12).
Ora, o narrador não diz que Moisés “clamou” ao Senhor. Não
há o discurso direto dele em direção a Deus.
Porém, o Senhor, ao fazer a pergunta, revela o interior, os
pensamentos mais íntimos, de Moisés. Ele, mesmo tendo dito aos israelitas para
ficarem tranquilos, afirmando que Deus combateria por eles (cf. Ex 14,14),
parecia experimentar o terror da possível morte no deserto.
Qual é o sentido do verbo clamar, quando Moisés é colocado
como o sujeito?
Outro dado interessante é a quantidade de vezes que o verbo
hebraico “clamar”, que pode ser traduzido por “gritar” ou “chorar”, tem Moises
como o sujeito. Por cinco vezes, o líder dos israelitas “clama” e todas elas
têm como endereço o Senhor (cf. Ex 8,8; 14,15; 15,25; 17,4; Nm 12,13). Em
nenhuma vez, ele dirige seu grito a qualquer outra pessoa. Isso demonstra que
ele sabia: apenas Deus daria conta de libertar Israel das situações de dificuldade.
O que a primeira ordem que o Senhor deu a Moisés revela de
importante?
De forma contundente, o Senhor, depois da pergunta, emenda
uma ordem: “dize aos israelitas que marchem” (Ex 14,15). Isso denota, em
primeiro lugar, que Moisés deve assumir, de fato, a liderança.
O que a expressão “que marchem” pode significar?
A expressão “que marchem”, utilizado em Ex 14,15, está no
modo verbal jussivo, ou seja, expressa um sonho ou um desejo da parte de Deus.
Além disso, o sentido do verbo “marchar”, em hebraico, consiste numa ação que
tem a ver com um deslocamento na direção de um destino, como uma jornada.
Por isso, pode ser traduzido como “viajar”. O Senhor
desejava que os israelitas fossem para qual direção? Para o mar! (cf. Ex 14,16)
Qual era a intenção de Deus?
De acordo com o v.17, outro verbo no modo jussivo revela a
intenção de Deus: “que Eu seja glorificado”. Ao repetir essa mesma expressão no
v.18, o autor dá a entender que a passagem pelo mar tinha finalidade de mostrar
a soberania de Deus, diante da nação mais forte daquela época, o Egito.
Por que deve ser Moisés aquele que divide o mar?
Ademais, na continuidade, em Ex 14,16, há, em gradação, mais
três verbos imperativos: “levanta” tua vara; “estende” tua mão; “divide” o mar.
De todos, o último mandato chama muita atenção. É Moisés quem deve dividir o
mar; não Deus. O autor parece mostrar que o Senhor agirá por meio do líder dos
israelitas.
Qual será, neste primeiro momento, o papel de Deus?
O autor revela que Deus endurece o coração dos egípcios (cf.
Ex 14,17). Interessante notar que esse verbo, no texto hebraico, é um
particípio, ou seja, ele expressa uma ação que está em andamento. Assim, uma
possibilidade de tradução seria “Eu (Deus) estou endurecendo o coração dos
egípcios”. Deste modo, o texto quer mostrar que, enquanto Moisés estiver
seguindo as ordens divinas, o Senhor estará a fazer sua parte. Trata-se de um
trabalho de colaboração. Deus age; o ser humano age.
O que a expressão “em seco” pode significar teologicamente?
A finalidade da divisão do mar é para que o seu fundo fique
seco e o povo possa passar. A expressão hebraica traduzida, em algumas bíblias,
por “em seco” aparece pela primeira vez em Gn 1,9, no relato da criação, quando
o Senhor criou o elemento seco, o que em algumas bíblias em português é
“continente”.
É possível que, aqui, o autor comunique a teologia de que o
Deus de Israel consiste naquele que, sendo o criador de todas as coisas, tem o
domínio sobre todos os elementos da natureza.
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