Tema: A reação dos israelitas (Ex 5,15-18)
Introdução
Neste encontro, estudaremos a primeira narrativa da aparição
dos escribas israelitas diante do faraó, na qual se humilham e afirmam que
Israel pertence ao rei do Egito (Ex 5,15-18). Trata-se de uma cena cheia de
ensinamentos, artisticamente composta por apenas quatro versículos.
Oração
Faça uma oração, clamando a presença do Espírito Santo, para
que o estudo desse encontro gere frutos de vida cristã. Leia Ex 5,15-18 e
destaque o que mais te chamou a atenção.
TEXTO PARA ESTUDO
Como o autor elabora o fluxo narrativo?
Ao lermos os textos referentes ao modo como o faraó agiu
diante do pedido feito por Moisés e Aarão (Ex 5,1-5), percebe-se que o fluxo
narrativo revela que o estado de espírito do povo israelita foi de esperança e
fé (Ex 4,31) para ressentimento e dúvida a respeito da ação de Deus em relação
à aliança feita (Ex 5,15-21).
A opressão aumentou tanto o sofrimento dos hebreus que, pela
primeira vez, em toda a narrativa até aqui elaborada, lideranças israelitas se
colocam diante do faraó egípcio, sem que sejam Moisés e Aarão. Será que esse
foi um gesto de coragem?
A ida dos escribas israelitas ao faraó foi um gesto de
coragem?
O v.15 afirma que os escribas dos israelitas “foram” ao
faraó. Assim, o narrador utilizou um verbo que denota ação; ele, muitas vezes,
é utilizado com esse sentido nos textos bíblicos do Antigo Testamento. Com
isso, ele enfatiza a pronta atitude desses hebreus diante dos açoites que
sofreram (Ex 5,14).
Diante do faraó, eles “reclamaram”. Esse verbo aparece 56
vezes no Antigo Testamento hebraico. Suas traduções podem ser “clamar”,
“chorar” ou “gritar” no sentido de pedir ajuda.
Chama atenção o fato de que os “escribas dos israelitas” são
os únicos que, em todo relato da libertação, presente desde Êxodo até
Deuteronômio, utilizam esse verbo, “(re)clamar”, tendo como objeto indireto o
faraó. Em outras palavras, eles “clamam” ao rei do Egito.
Quais são os dois sentidos do emprego do verbo “(re)clamar)?
Um consiste no fato de que a primeira vez em que se emprega
o verbo “clamar”, tendo o faraó como objeto indireto, fora das narrativas da
libertação, foi em Gn 41,55. Esse foi um momento de muita dificuldade para o
povo, já que o contexto literário é de fome e miséria devido à seca que
assolava toda a região.
Desse modo, os escribas israelitas seriam pessoas que, tendo
reunido os clamores oriundos dos sofrimentos do povo, teriam ido até o faraó
num gesto de coragem para interceder pelos seus irmãos.
O segundo sentido pode ser: ao observar mais atentamente o
emprego do verbo “(re)clamar”, logo se percebe que, a maior parte das vezes,
ele tem Deus como objeto indireto, ou seja, 22 vezes. O Antigo Testamento reconhece
que o Senhor deve ser o endereço dos clamores de seu povo.
Assim, ao “(re)clamarem” para o faraó, os escribas
israelitas o reconhecem como seu soberano. Isso se confirma quando o autor
revela que os líderes de Israel afirmaram que o povo era “servo” do faraó, por
três vezes (Ex 5,15.16) e, depois, que o povo lhe pertencia (v.16)! Desse modo,
eles se esqueceram de que Israel pertencia a Deus (Ex 3,7.10; 5,1) e que seu
chamado especial era servir e adorar ao Senhor, exclusivamente (Ex 5,1.3).
O que a narrativa dessa semana mostra?
A narrativa dessa semana mostra que os escribas israelitas,
líderes do povo, estavam mais preocupados em não sofrerem açoites outra vez do
que verem o povo livre das opressões da escravidão. Por essa razão, foram
capazes de entregar Israel nas mãos do faraó.
Ademais, o texto revela que o
faraó não teve misericórdia. Ele retomou a ordem dada na narrativa anterior (Ex
5,7-9).
Nenhum comentário:
Postar um comentário